[OPINIÃO] TRUMP, BOLSONARO E O TABULEIRO GEOPOLÍTICO

A tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil é mais do que uma medida econômica: é um movimento calculado no jogo político internacional. Ao atacar o governo Lula e defender Bolsonaro, Trump sinaliza um realinhamento estratégico, mirando as eleições de 2026 no Brasil e a reconfiguração das alianças globais.

Trump enxerga em Bolsonaro um aliado ideológico, conservador nos costumes, liberal na economia e avesso ao globalismo. Reaproximar-se dele é uma forma de fortalecer a frente populista de direita em nível internacional, sobretudo em um momento em que a esquerda latino-americana tenta reconstruir sua influência com o apoio de organismos como o BRICS.

Lula, por outro lado, tem apostado abertamente na multipolaridade, buscando aprofundar laços com China, Rússia e países do Sul Global. O fortalecimento do BRICS, com expansão de membros, criação de moeda própria e acordos comerciais fora do dólar, representa uma ameaça direta à hegemonia americana. E Trump sabe disso.

A tarifa, portanto, cumpre duplo papel: desgastar economicamente o governo Lula e enviar um recado político. Não se trata apenas de “America First”, mas da disputa entre o Ocidente e o restante do mundo, o bloco liderado por China e Rússia, com Lula na linha de frente.

Trump usa tarifas como munição ideológica. Ele não quer apenas proteger a indústria americana, quer proteger a narrativa de que só há espaço para aliados submissos ao eixo EUA-Israel-OTAN. E nesse contexto, o Brasil de Bolsonaro é bem-vindo. O de Lula, não.

Essa medida é só o começo. A guerra comercial é reflexo da guerra de narrativas e o palco agora inclui o Brasil.

Gostou do conteúdo? Assine nossa newsletter gratuita e receba tudo direto no seu e-mail.