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O confisco que marcou uma geração: o que aprendemos com o Plano Collor
Em 1990, o Plano Collor congelou as economias dos brasileiros. Foi o maior confisco da história recente do país.
Em março de 1990, o Brasil acordou sem acesso ao próprio dinheiro. Em uma das decisões mais controversas da história econômica nacional, o então presidente Fernando Collor de Mello, recém-empossado, anunciou o bloqueio de contas bancárias e poupanças da população como parte do chamado Plano Brasil Novo, mais conhecido como Plano Collor.
A justificativa era combater a hiperinflação que corroía o poder de compra dos brasileiros à época, mais de 80% ao mês. A medida radical congelou o equivalente a US$ 80 bilhões em depósitos bancários. Cada cidadão só poderia movimentar até 50 mil cruzeiros (aproximadamente R$ 8.300 em valores corrigidos). O restante, prometia-se, seria devolvido após 18 meses. Mas a verdade é que muitos jamais recuperaram o que haviam poupado.
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Trauma coletivo e abalo sistêmico
O efeito foi um choque sistêmico. Empresas quebraram por falta de capital de giro. Pequenos empreendedores perderam o caixa. Famílias foram privadas de recursos básicos. Milhares de idosos viram suas economias de vida evaporarem. Para muitos, a experiência do confisco foi traumática, um marco psicológico que redefiniu a forma como o brasileiro lida com dinheiro.
Economicamente, os números também falaram alto: o PIB brasileiro encolheu mais de 4% em 1990, a Bolsa de Valores caiu 22% em dois dias, e o desemprego cresceu. A confiança no sistema bancário e na estabilidade institucional foi duramente abalada. A medida, embora inicialmente tenha derrubado a inflação para um dígito, não sustentou o controle dos preços por muito tempo.
O que ficou de lição?
O episódio escancarou o risco de intervenção estatal em momentos de crise aguda. Mostrou que nem mesmo as economias mantidas em instituições bancárias estão imunes a ações autoritárias, mesmo em regimes democráticos. Isso provocou uma mudança duradoura no comportamento financeiro do brasileiro, com maior busca por alternativas de proteção patrimonial.
Lições importantes:
Diversificação é crucial: Não concentrar todos os recursos em um único tipo de ativo é regra básica, ainda mais em contextos instáveis.
Renda real e ativos físicos: Imóveis, metais preciosos como o ouro, e mais recentemente os criptoativos, ganharam protagonismo como alternativas ao sistema financeiro tradicional.
Educação financeira é defesa pessoal: Ter conhecimento sobre como e onde investir é hoje uma das principais ferramentas de proteção contra decisões políticas desastrosas.
OPINIÃO ONDA DE LUCRO
O Plano Collor expôs uma verdade incômoda que permanece atual: em tempos de desordem econômica, o Estado pode e muitas vezes vai priorizar a estabilidade macro em detrimento das garantias individuais. A experiência brasileira de 1990 deve servir como um alerta permanente, não apenas sobre os riscos de hiperinflação, mas sobre a fragilidade institucional quando governos concentram poder em nome de “soluções emergenciais”.
Ainda hoje, o brasileiro médio tende a confiar excessivamente nos bancos e no Estado como garantidores de sua estabilidade financeira. Mas a história mostra que nenhuma promessa é garantida quando a pressão política e econômica aperta. A verdadeira proteção está no preparo, na diversificação e na soberania individual sobre o próprio patrimônio.
Se você tem menos de 40 anos, pergunte a alguém da sua família como foi viver esse momento. E se você tem mais, lembre-se de contar: porque história ignorada é história repetida.
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