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A Dinastia Arraes-Campos: Poder, escândalos e o colapso de Recife
Recife afunda em abandono após décadas sob o controle da família Arraes-Campos. O centro histórico da cidade se tornou símbolo do descaso, da estagnação e da política de sobrenomes.
Recife já foi chamada de “Veneza brasileira”, berço da cultura nordestina, cidade de pontes, mar e mangue. Um lugar onde o passado colonial se encontra com a criatividade popular, com um povo que transforma dor em arte e abandono em resistência. Mas, ao andar hoje pelo centro da cidade, o que se vê é um cenário desolador: fachadas caindo aos pedaços, calçadas destruídas, lixo, insegurança e uma sensação de que ninguém se importa mais.
Não foi sempre assim. E o mais grave: não precisava ser assim.
Décadas sob os mesmos rostos
É impossível contar a história política recente de Pernambuco — e especialmente do Recife — sem passar pelos nomes Arraes e Campos. A dinastia começou com Miguel Arraes, que ainda hoje é lembrado com respeito por parte da população mais pobre. Ele foi prefeito do Recife e três vezes governador do estado. Foi cassado e exilado durante a ditadura, voltou como símbolo de resistência, mas também carregou consigo vícios da política tradicional: clientelismo, inchaço da máquina pública e gestões problemáticas.
Seu neto, Eduardo Campos, deu sequência à trajetória. Assumiu o governo estadual com um discurso moderno, técnico e inovador. Ganhou aplausos da imprensa, fez alianças com grandes empreiteiras e se projetou nacionalmente. Mas por trás da imagem de gestor eficiente, sua gestão também foi marcada por escândalos, obras bilionárias com contratos sob suspeita e políticas públicas feitas para agradar estatísticas — não pessoas.
Eduardo morreu jovem, num trágico acidente aéreo em 2014, no auge de sua carreira, enquanto disputava a presidência. Sua morte chocou o país e deu origem a uma comoção genuína. Mas a história não para por aí.
Hoje, é João Campos, filho de Eduardo, quem comanda a Prefeitura do Recife. Jovem, midiático, digital, educado e polido — João representa a continuidade de um projeto de poder que se reproduz mais pela força do sobrenome do que pela renovação de ideias.
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O centro do Recife é o espelho da cidade
O abandono do centro histórico não é apenas um problema urbano. É um símbolo da falência de uma visão de cidade. Um lugar que deveria pulsar cultura, turismo, comércio e história virou uma terra de ninguém. As fachadas coloniais estão prestes a desabar, o comércio foi embora, moradores evitam circular por ali. É perigoso, sujo, desanimador.
E o que a prefeitura faz? Reforma uma praça ou outra, pinta um muro aqui, organiza um evento cultural acolá — e faz disso um post bonito nas redes. Mas o centro continua morrendo em silêncio, longe dos olhos de quem só enxerga a cidade por trás de uma tela.
Escândalos que não podem ser esquecidos
A imagem de modernidade de Eduardo Campos foi manchada por diversas denúncias que ainda ecoam:
A construção da Arena Pernambuco, em parceria com a Odebrecht, investigada por superfaturamento e favorecimento ilícito.
Contratos com organizações sociais (OSs) na saúde e educação, que terceirizaram serviços públicos por valores milionários, muitas vezes sem transparência.
Parcerias com empreiteiras denunciadas na Lava Jato, que alimentaram a máquina político-eleitoral com dinheiro público disfarçado de infraestrutura.
Nada disso foi resolvido. Muitos processos foram engavetados, abafados ou perderam relevância com o tempo. E assim, os erros foram normalizados — como se fazer mal feito fosse parte do jogo político.
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O problema vai além da política
O que está em jogo não é só uma disputa de cargos. É a cidade real, onde as pessoas vivem. A capital onde crianças têm dificuldade para chegar na escola por falta de transporte, onde comerciantes fecham as portas por medo de assalto, onde a beleza histórica se desfaz diante da omissão pública.
Recife está cansada. Cansada de esperar. Cansada de ser ignorada. Cansada de ser governada por quem trata a cidade como trampolim político — e não como lar de milhões de pessoas.
Existe saída?
Sim. Mas ela começa com coragem. Coragem de enxergar que o ciclo da dinastia Arraes-Campos precisa ser superado. Coragem de votar com consciência, de exigir transparência, de apoiar quem não tem sobrenome famoso, mas tem compromisso real com a cidade. Coragem de reconhecer que a esperança precisa andar junto com responsabilidade.
Recife é maior do que qualquer família política. E seu povo merece mais do que promessas bonitas.
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